A arte possui inúmeras definições. Buscando sintetizar seu significado, o mais provável é alimentar-se de sua manifestação ao longo da história. Mesmo assim, a sociedade também sofreu drásticas mudanças com o passar dos anos, e a arte, de uma maneira ou de outra, tornou-se reflexo dessas transformações, tanto na técnica empregada, na sua linguagem ou também na percepção do que é um trabalho artístico. Deixou de ser da igreja, do estado, da elite e passou a ser do artista, tendo ele a liberdade e o poder de escolher o que fazer, como representar e no tempo que desejar.
Certa vez, uma conhecida me disse que arte para ela era “o clássico: obras do Renascimento. Tudo que fosse contemporâneo não poderíamos chamar de arte.” Suas palavras foram algo assim. Faz tempo isso, mas não esqueço.
É normal que em um primeiro momento, consideremos arte apenas quando uma obra se encaixa em algo que para nós é reconhecível. É mais fácil de entender e tá tudo bem. Quando um trabalho artístico foge a esta percepção, é necessário olhar a arte com olhos de quem não busca apenas beleza ou semelhança ao que é conhecido, e sim profundidade. Seja esta profundidade na técnica, no tema, no conceito ou no contexto social ao qual a obra e o artista estão inseridos.
Devemos reflexionar. O discurso que caminha sobre arte ser apenas o belo, manifestação de perfeito ou prazer pessoal talvez seja pouco, vazio. Independente se você estudou ou não, ou se você gosta ou não, arte é um lugar para comunicar. Não se resume somente nas cômodas respostas: “acho bonito” ou “não acho bonito”. Ou ainda, é “boa arte” ou “má arte”. O belo e o bom não são as mesmas coisas mas isso também não é a principal definição para uma obra.
Tolstoi disse em um livro, entre muitas outras coisas, que “A boa arte é sempre compreendida por todos.” Arrisco dizer que, talvez esta visão (que é muito polêmica até os dias de hoje) se encaixava com a sua época (o livro foi publicado em 1898), e os questionamentos do autor naquele período, mas não tem nada a ver com os mais de 120 anos que se passaram depois disso até hoje. Vieram revoluções, guerras, tecnologias... E a arte também é reflexo do nosso meio.
O que me incomoda na frase do Tolstoi não é a parte de ser compreendida por todos mas sim o "boa arte". E deixo aqui para que você pense nisso também.
Mas voltando a uma busca pela definição, o discurso artístico contemporâneo onde na teoria tudo é possível, para mim, é o mais plausível. Sim, porque quando falamos de arte, falamos de criatividade e imaginação; falamos de pessoas e suas diferenças; entramos no caminho do entendimento e do confronto. Arte é liberdade.
E claro, como muita coisa nessa vida, a arte vai agradar a uns e a outros não, já sabemos disso. Mas podemos aprofundar a maneira de observar uma obra e com isso ter mais argumentos do que a superficialidade do gosto pessoal.
Do meu ponto de vista, acredito que não existe uma resposta única para O que é arte? mas sim, algumas colunas que podem ser seu alicerce:
. Imaginação
. Técnica
. Emoção
. Conceito
. Contexto histórico e social
. Liberdade
E como livre que é, a arte também é espaço para interpretação pessoal. Eu gosto de uma frase de Fernando Pessoa que diz:
“A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são.”
E pra você, o que é arte? Me responda aqui nos comentários!
Um abraço!
Leave a comment